Elétricos Lisboetas: 2018

No passado dia 1 de Fevereiro, a Carris e o presidente da CML (F. Medina) comemoravam o 1º ano de gestão municipal da Carris. Nesse mesmo dia foram igualmente assinados os contratos de aquisição para 165 novos autocarros.

A última aquisição
Há já 8 anos que a Carris não comprava um autocarro, a última aquisição foi pois em 2010 quando chegaram 30 novos autocarros articulados Mercedes-Benz Citaro G (2ª série) que permitiram abater igual número de Volvo B10M dos anos 90 já bastante envelhecidos. Os 30 novos autocarros vieram com uma série de inovações da qual se destaca a disponibilização de WiFi grátis em parceria com a TMN ou a indicação visual e sonora da "próxima paragem". A Carris tinha publicitado esta aquisição com a campanha "Andamos a pensar em si" (podem ver um dos cartazes mais abaixo). Em Dezembro de 2010, a Carris tinha uma frota moderníssima (idade média de 6,67 anos) com baixas taxas de imobilização e baixos custos de manutenção. A partir de aqui não se procedeu a nenhuma compra (só abates de séries antigas) e a idade média da frota começou a crescer cerca de 1 ano a cada 365 dias.

Publicidade para os autocarros articulados que compõem a última aquisição de veículos pela Carris até à data.

O aumento da idade média e redução da frota
Por isso como vimos, em Dezembro de 2010 a frota de autocarros da Carris tinha os seguintes indicadores:
► nº de veículos : 752 autocarros dos quais 606 standard, 20 médios, 36 minis e 90 articulados
► idade média : 6,67 anos
► taxa de imobilização : cerca de 8%
A partir desta data não se procedeu a nenhuma aquisição e reduziu-se substancialmente a oferta (carreiras e horários) nomeadamente em 2011 e 2012. Esta redução que claramente incentivou - e muito - o uso do transporte individual (quando em simultâneo os preços aumentaram cerca de 25% nos passes) também reduziu o número de autocarros necessários para assegurar o serviço programado.

Decorrente dessa redução da oferta, ao longo dos anos, a Carris foi abatendo as séries mais antigas que já não necessitava:
► 109 autocarros "Standard" Mercedes-Benz 0405N2 de 1997-1998 (alguns estão agora nos TCB (Barreiro) e nos SMTUC (Coimbra), o restante sucateado excepto alguns veículos em "reserva estratégica")
► 29 autocarros "Standard" Mercedes-Benz 0530 Citaro de 2000 (a maior parte ainda é usada pela CarrisTur no aeroporto, o resto em "reserva estratégica")
► Cerca de 20 autocarros "Standard" a gás natural Volvo B10L de 2001 (já não tinham a segurança necessária para poderem circular)

E chegamos a 2016 (último ano antes da passagem para a CML) com os seguintes indicadores:
► nº de veículos : 599 autocarros (-153 em comparação com o ano de 2010)
► idade média : 11,4 anos (+4,73 anos em comparação com 2010, o aumento da idade média foi mitigado pelo abate de um número avultado de autocarros envelhecidos)
► taxa de imobilização : cerca de 12% (+4% em comparação com o ano de 2010)
Além disso os custos de manutenção também aumentaram entre 2010 e 2016 devido ao envelhecimento da frota.
A frota actual é suficiente para cumprir a oferta estipulada (que pouco mudou desde 2012). O problema é que se o objectivo é de aumentar a quota de mercado de transporte público (como quer a CML) vai ser inevitável reforçar a oferta, tanto a nível de horários como de carreiras, e ai a frota é de longe insuficiente, nem que seja para lançar as 21 "carreiras de bairro" cuja implementação deverá estar concluída em 2019. Além disso, a parte mais antiga da frota actual não inclui a acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida, o anúncio da "próxima paragem" e os interiores são pouco acolhedores.

Passagem para a CML e recuperação de alguns veículos
No dia 1 de Fevereiro de 2017, a gestão da Carris passou para a CML (a propriedade efectiva só viria no final do ano). Com isto, a CML anunciou um investimento avultado na Carris para promover o transporte público na lógica do "desenvolvimento sustentável". Foi criado um plano tri-anual (2017-2019/2020) pela Carris e CML com vista a recuperar a empresa moderna e eficiente da década passada. Isto passa nomeadamente pelo desenvolvimento da oferta, redução dos preços e por um serviço de excelência. No imediato a Carris começou a empregar tanto motoristas como quadros técnicos com vista a colmatar a falta de pessoal nomeadamente para a operação (+ cerca de 100 motoristas e guardas freio em 2017). Para poder aumentar a oferta (nomeadamente com as chamadas "carreiras de bairro") a Carris também anunciou a retoma do investimento na frota de autocarros e eléctricos com a aquisição de novos veículos.
No imediato para melhorar a curto prazo o serviço e começar a introduzir as carreiras de bairro, a Carris recuperou alguns autocarros que estavam em "reserva estratégica" ou na CarrisTur:
► 2 autocarros "Standard" Mercedes-Benz 0405N2 (1 foi novamente abatido devido a incêndio)
► 1 autocarro "Standard" Mercedes-Benz 0530 Citaro (estava na CarrisTur)
► alguns autocarros "mini" Mercedez-Benz Sprinter (estavam na CarrisTur)
Isto permitiu lançar quatro novas carreiras de bairro (a quinta é somente uma renumeração de uma carreira já existente) mas estes autocarros continuam a ser antigos e a precisar de substituição.

Compra de novos autocarros
Para travar o envelhecimento da frota, a Carris elaborou um plano a 4 anos para as aquisições de autocarros e eléctricos que podemos observar em baixo:

Foi então lançado em Maio de 2017 o concurso público para a aquisição de 165 novos autocarros, todos a Gás Natural Comprimido, dos quais 40 articulados e 125 "Standard". Essa encomenda foi adjudicada no passado mês de Janeiro e os contratos assinados há alguns dias, dia 1 de Fevereiro de 2018. Se tudo correr bem estes 165 autocarros deverão começar a chegar este verão. Já foi também lançado no ano passado o concurso para a aquisição de 37 autocarros médios que deverão substituir os autocarros minis "Sprinter" em algumas carreiras com forte tráfego na hora de ponta. Por fim será lançado este ano o concurso para a aquisição de 15 autocarros "Standard" 100% eléctricos.
Se somarmos estas aquisições (separadas) efectivamente o plano está a ser cumprido:
► 125 autocarros "Standard" a GNC (Gás Natural Comprimido) e 15 autocarros "Standard" 100% eléctricos = 75+65 = os 140 autocarros "Standard" anunciados. Deverão chegar entre 2018 e 2019.
► 40 autocarros articulados a GNC = 30 em 2018 + 10 em 2019 = os 40 anunciados
► 37 médios a diesel Euro6. O concurso público está ligeiramente atrasado duvido que cheguem em 2018
► 33 minis para substituir as actuais "Sprinters" que foram compradas em 2003. O concurso público ainda não foi lançado, os autocarros deverão chegar em 2019. Veremos.
Além disso está prevista a compra de mais 100 autocarros "Standard" em 2020 e 2021 mas ainda não foi definido o financiamento. De outro lado está confirmada a compra de 30 novos eléctricos (10 históricos+20 articulados), o concurso deverá ser lançado este ano (2018).

Os novos 165 autocarros, adjudicados no mês passado, deverão substituir as seguintes séries além de incrementar a frota:
► 34 autocarros "Standard" Volvo B7L de 2000-2001
► 40 autocarros articulados Volvo B10M de 1997
De resto, a série mais antiga são os MAN 18.310 de 2004-2005. Acho pouco provável abaterem toda esta série (globalmente está em bom estado) mas a Carris é capaz de começar o abate dos veículos mais "cansados".

Aqui estão as imagens virtuais do aspecto exterior dos novos autocarros: